Este blog serve para divulgar as iniciativas dos CNO Gustave Eiffel da Amadora. Sugerimos aos novos utilizadores que utilizem a barra da direita...
terça-feira, 29 de julho de 2008
Almoço de Verão
Contamos ainda com a presença dos elementos da Direcção da Cooptécnica Gustave Eiffel que brindaram a equipa com elogios e desafios para o segundo semestre do ano.
1 ano de blog
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Primeiro Júri na Escola de Tropas Pára-Quedistas
No passado dia 16 de Julho a equipa técnico-pedagógica do Centro deslocou-se à Escola de Tropas Paraquedistas em Tancos para realizar o primeiro Júri de Certificação de Nível Básico ao abrigo do protocolo celebrado com a unidade militar. Estiveram também presentes os elementos do Balcão de Atendimento Novas Oportunidades da Escola Profissional Gustave Eiffel do Entroncamento. A sessão solene decorreu no auditório da ETP.
Foram certificados com o Nível B3 (equivalente ao nono ano de escolaridade) cinco militares desta unidade.
Após o Júri, houve uma visita ao museu da unidade e um almoço comemorativo do acto.
Portefólio Reflexivo de Aprendizagens
quarta-feira, 9 de julho de 2008
Primeiro Júri de Secundário em Arruda
Foram concluídos com êxito processos de “justiça social”, foi assim que o Dr. José Remédios caracterizou o processo de RVCC, fazendo referência ao facto de muitos dos adultos presentes no júri não terem concluído os seus estudos num percurso regular, porque nos seus contextos escolares e familiares, o 9º ano era realmente o máximo das habilitações possíveis de alcançar, ou ainda ao facto das funções e as competências profissionais dos adultos justificam largamente uma habilitação de nível secundário.
E para provar, mais uma vez, que com os adultos e a sua riqueza de competências a equipa aprende sempre algo e fica mais rica, gostaria de chamar a atenção para um comentário feito na sessão de júri por um adulto, que deve motivar-nos a uma, nem que breve, introspecção. O adulto referiu, no contexto da sua apresentação, que passou tantos anos concentrado no seu trabalho e ocupações de carácter social e quando se apercebeu, tinha também perdido algumas oportunidades, pessoais e profissionais, de enriquecimento e actualização ao nível da formação. E essa questão diz-nos respeito a todos, profissionais em geral, trata-se da extrema necessidade de pararmos para pensar no momento em que descurámos a procura e o investimento em novos conhecimentos e qualificações, o momento a partir do qual ficámos tão absorvidos na nossa vida profissional que deixámos de investir em novas aprendizagens e novas qualificações.
Numa sociedade cada vez mais complexa e exigente, é imperativo apostar na formação e qualificação, nada disto é novo, mais, é óbvio que não deixámos de aprender, não deixámos nunca de mobilizar novas competências, contudo, a justiça social que, de alguma forma, o processo de RVCC permite, exige que estejamos despertos para não perder mais oportunidades e para continuarmos a investir na qualificação. Os projectos futuros apresentados pelos adultos certificados provam que o Processo de RVCC não deve ser visto como o final da vida académica, mas sim como uma oportunidade para repensar e reinvestir cada vez mais com qualidade e exigência na qualificação e formação profissional, porque podemos e devemos ser sempre melhores!
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Novo Centro Novas Oportunidades Gustave Eiffel
terça-feira, 1 de julho de 2008
Um processo não só justo mas necessário…
“Em vez de umas quantas propostas arrojadamente gratuitas sobre e para uso do terceiro milénio, que logo ele, mais do que provavelmente, se encarregará de reduzir a cisco, por que não nos decidimos a pôr de pé umas quantas ideias simples e uns quantos projectos ao alcance de qualquer compreensão? Estes, por exemplo, no caso de não se arranjar coisa melhor: a) desenvolver desde a retaguarda, isto é, fazer aproximar das primeiras linhas de bem-estar as crescentes massas de população deixadas atrás dos modelos de desenvolvimento em uso; b) suscitar um sentido novo dos deveres humanos, tornando-o correlativo do exercício pleno dos seus direitos; c) viver como sobreviventes, porque os bens, as riquezas e os produtos do planeta não são inesgotáveis; d) resolver a contradição entre a afirmação de que estamos cada vez mais perto uns dos outros e a evidência de que nos encontramos cada vez mais afastados; e) reduzir a diferença, que aumenta em cada dia, entre os que sabem muito e os que sabem pouco. Creio que é das respostas que dermos a questões como estas que dependerá o nosso amanhã e o nosso depois de amanhã. Que dependerá o próximo século. E o milénio.” (in Notícias do Milénio, 1999).
A referida sessão de Júri contou com candidatos ao nível B3, equivalente ao 9º ano de escolaridade, que tinham uma média de idades compreendida entre os 40 e os 45 anos, geração designada pelo Dr. Rodrigo Gomes, avaliador externo, como a “geração das não oportunidades”, precisamente por lhes ter sido retirado o direito à educação num tempo em que o 4º ano de escolaridade era considerado mais que suficiente e era suposto começar-se imediatamente a trabalhar, mesmo que essa não fosse a vontade do indivíduo.
Uma das adultas certificadas neste Júri referiu que: “Não poder estudar ficou-me atravessado, por isso o processo de reconhecimento, validação e certificação de competências foi muito bom para mim, porque me sinto mais valorizada e com ânimo para continuar a estudar, tal como sempre sonhei.”
Neste sentido, o Dr. Rodrigo Gomes sublinhou que este processo baseia-se na Igualdade de Oportunidades, conferindo legitimidade às competências adquiridas e desenvolvidas pelos adultos ao longo da vida e permitindo-lhes ficar em igualdade de circunstâncias perante aqueles que tiveram um diferente acesso à educação, ou seja, permitindo-lhes uma justa progressão na carreira, o que até aqui não acontecera não por falta de capacidades, mérito ou competências, mas simplesmente por falta de um certificado. Assim, a determinação que leva estes adultos a submeterem-se a um processo destes é um contributo imprescindível para o desenvolvimento das instituições/empresas com que colaboram, pois valoriza os seus recursos humanos, qualificando a sociedade em geral.
Portanto, este processo elimina barreiras que levam nomeadamente à exclusão (a qualquer nível) e ao subdesenvolvimento económico e social.
O Dr. Rodrigo Gomes caracterizou ainda o processo de reconhecimento, validação e certificação de competências como um processo reflexivo e analítico, que conduz a uma autodescoberta, já que cada adulto fica a conhecer-se melhor, reconhecendo em si mesmo as competências adquiridas e desenvolvidas que o valorizam e distinguem dos outros, daí que o processo seja também estruturante.
Quanto a nós, equipa que acompanhou estes adultos, cabe-nos reconhecer também os ensinamentos que eles nos transmitem através das suas experiências, escolhas e percursos de vida singulares: a consciência ambiental que os leva a reutilizar materiais e objectos para criar novas coisas, reciclando o que seria desperdício; a superação de dificuldades que lhes foram impostas para continuarem os seus percursos escolares; a consciência social que os leva a investigar sobre as crianças de rua de Angola; os esforços dos motoristas de transportes públicos que todos os dias tentam contornar a falta de civismo nas nossas estradas; as tarefas de uma alfandegária num tempo em que a Europa ainda tinha “fronteiras”; a adaptação a um país diferente, na sequência da emigração, ou a uma vida urbana, na sequência dos movimentos migratórios constantes do campo para a cidade; a gestão eficaz do tempo e a polivalência (o ser-se capaz de dedicar-se a tantas coisas ao mesmo tempo…).
Enfim, estas são apenas algumas das competências de alguns adultos que foram evidenciadas e validadas ao longo do seu processo… Sem o RVCC estas competências continuariam à margem de uma certificação, excluídas por uma sociedade que continua agarrada aos mesmos preconceitos e às mesmas concepções, enfim, uma sociedade que continua a sobrevalorizar os conhecimentos em detrimento das competências, apesar de só se desenvolver graças aos que têm estas e não aqueles. Na verdade, muitos ainda não sabem que as competências são também “saberes”, mas são-no em acção…
E, convenhamos, do que é que todos precisamos? Nada mais, nada menos do que acção, porque é necessário ultrapassar modelos de desenvolvimento caducados, criar novos modelos que assentem no exercício pleno de direitos e deveres, reduzindo as desigualdades sociais que ainda prevalecem e que por vezes parecem acentuar-se, contra as nossas expectativas. Daí ter citado acima o excerto de José Saramago… é que alguns anos depois, as suas sugestões continuam a fazer todo o sentido.
É nesta linha de acção que nós, equipas dos Centros Novas Oportunidades, nos envolvemos diariamente neste grande projecto, pois acima de tudo este é um processo não só justo, mas necessário ao desenvolvimento da nossa sociedade.